15 Março, 2018

O que ver – Turismo Industrial


TERRITÓRIO E ECONOMIA 
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A Industria têxtil em Guimarães
Perde-se nos fios da história a memória da indústria têxtil em Guimarães, ancorada a um antiquíssimo e laborioso movimento de transformação do linho, gerador de uma dinâmica comercial em que Guimarães e Porto polarizavam os processos de uma troca que tinha contornos geograficamente bastante amplos. A existência de terras férteis, uma população laboriosa e abundantes linhas de água, tornaram a região de Guimarães um local privilegiado para o surgimento de uma indústria que ainda hoje é das mais importantes do concelho. Ligadas à autossuficiência da vida rural, as atividades de fiação e tecelagem emergem na região como complemento natural da faina agrícola, essencialmente como trabalho feminino que aproveita os tempos vagos das cadências da terra para transformar o linho ou a lã. O salto para a intensificação que leva à produção para além do uso doméstico explica-se com um nome que se conota com magia criadora: mercado. É a perceção difusa de uma procura de fios e de panos, articulada com conhecimento de capacidades humanas e qualidades locais de produção, que induz uma produção especializada, fazendo girar o produto num circuito personalizado no comerciante/intermediário, criando uma rede de produção assente em pequenas oficinas e no trabalho domiciliário.

Se o linho foi uma marca duradoura de Guimarães e seus arredores, o algodão sobreveio bastante cedo na zona mais vasta do Vale do Ave, sendo o seu fabrico percecionado, ainda que sob a forma de tecido misto com o linho, com a seda ou a lã desde os inícios do século XIX, pelo menos. Muito rapidamente o algodão ganhou um papel determinante, por via das inovações revolucionárias do trabalho industrial, que o transformam num produto popular, de baixo custo (os preços do algodão em rama baixaram gradualmente durante o século XIX, devido à introdução de máquinas e ao alargamento das áreas de cultura nos Estados Unidos), com facilidade de transformação e de variedade no produto final, que subverte costumes de vestuário pelo mundo inteiro, através das chitas, dos cotins, das flanelas e de outros tipos de tecidos.



A indústria das Cutelarias em Guimarães
Nos séculos XV e XVI, Guimarães estava na senda do progressismo e ainda ligada ao prestígio histórico que lhe vinha da época medieval, tendo o foral Manuelino de 1517 proporcionado novas condições de progresso e desenvolvimento que apoiou a fixação dentro da área amuralhada, uma população de nobres, frades, mercadores e artífices. Com a energia que vinha das linhas de água, muitos artífices e ofícios prosperaram. Entre estes a dos cutileiros, para quem a água sempre foi indispensável na arte da “amola”. Isto associado ao talento dos artífices, permitiu a Guimarães um lugar de destaque como centro da cutelaria nacional. É no séc. XV e XVI, que surgem referências aos cutileiros de Guimarães. A existência de um “Regimento de Preços e salários” Vimaranense, em 1552 é prova da prosperidade desta indústria em Guimarães. O estatuto dos Cutileiros surge apenas em 1778, onde se referem os objetos produzidos na altura. Algumas fábricas de cutelaria conseguiram ultrapassar o período menos próspero do século XIX, graças à visão de alguns industriais que equiparam as suas unidades com meios mais modernos. Atualmente a cutelaria vimaranense possui uma componente industrial e as grandes fábricas de cutelaria, e respetivas marcas, têm reconhecimento nacional e internacional.

A indústria do calçado em Guimarães
A história da indústria de calçado em Guimarães reproduz o que se passou em termos nacionais com o setor: desde finais da década de 80, uma indústria obsoleta, altamente deficitária em termos tecnológicos, localizada situada em zonas semi-rurais e gerida de forma familiar, evoluiu e tornou-se um setor de ponta nas exportações portuguesas. Hoje representa mais de 71 milhões de pares vendidos no estrangeiro e é uma das bandeiras de qualidade em termos internacionais, competindo com Itália os lugares cimeiros dos preços a nível mundial. O setor do calçado representa em termos nacionais um volume total de exportações superior a 1600 milhões de euros, ocupando o segundo lugar em termos de preço médio de par de sapatos vendidos no exterior (o primeiro é ocupado pela Itália). Guimarães integra este clube, altamente concentrado na região do Ave, e conta com empresas reconhecidas internacionalmente, também elas, utilizadoras de tecnologia de vanguarda e que engrossam as fileiras do setor a nível nacional.

A indústria dos Curtumes em Guimarães
Guimarães é uma referência nacional, considerado um dos núcleos tradicionais de uma indústria já sem expressão no concelho, a dos Curtumes. Esta atividade foi uma das mais importantes no tecido produtivo local. Várias foram as empresas que surgiram no concelho, que formaram um cluster delimitado numa área específica junto é cidade ao longo de uma linha de água, que servia de abastecimento e ficou conhecida até aos dias de hoje como “Ribeira de Couros”. A tradição desta indústria remonta á idade média.