Farfetch avança para a Bolsa de Nova Iorque

José Neves, fundador da loja online de marcas de luxo, afirma que o próximo passo é a bolsa. A empresa  tem 936 mil clientes e receitas de 386 milhões de dólares.

A Farfetch, uma loja online de moda de luxo que tem maioria das operações em Portugal, deu o primeiro passo formal para uma entrada em bolsa.

A empresa, com sede no Reino Unido, entregou a documentação junto do regulador de mercados dos EUA, escolhendo a Bolsa de Nova Iorque para abrir o capital a novos investidores. No entanto, ainda não se sabe quantas ações serão vendidas, nem a que preço e qual a data para a realização da operação.

A Farfetch, fundada em 2007, é uma startup cuja valorização ultrapassa os mil milhões de dólares. Segundo a base de dados Crunchbase, desde a criação angariou 702 milhões de dólares em investimento. A empresa opera uma loja online para marcas de luxo, permitindo aos utilizadores fazerem compras de várias marcas na mesma plataforma. A Farfetch, que emprega cerca de três mil pessoas, encarrega-se do transporte, entrega, faturação e eventual devolução dos artigos.

Os números, revelados recentemente, mostram um crescimento significativo nos últimos anos. No final do ano passado, a Farfetch tinha perto de 936 mil clientes, o que significou um aumento de 44% em relação a 2016. As receitas em 2017 foram de cerca de 338 milhões de euros, uma subida de 60% (no ano anterior tinham crescido 70%). A empresa terminou 2017 com um prejuízo de cerca 98 milhões de euros. Este ano, o preço médio de cada compra feita foi de cerca de 543 euros.

A Farfetch tem estado em expansão. No início deste ano, fez uma aliança com o grupo Chalhoub, um dos maiores retalhistas de artigos de luxo do Médio Oriente. No ano passado, conseguiu investimento do grupo chinês JD.com, um dos gigantes das vendas online naquele país. Em 2015, comprou a icónica boutique londrina Browns e, recentemente, tem vindo a desenvolver tecnologia para transformar a experiência de compra também em lojas físicas.

Em entrevista com o Público, José Neves explicou que numa carta que acompanhou a documentação entregue nos EUA “perguntamo-nos a nós próprios: ‘Como vai o mundo comprar moda nos próximos cinco, dez, 20 anos? Acreditamos que o mundo vai continuar a usar lojas físicas. A moda não pode ser inteiramente digitalizada, ao contrário da música e do vídeo.”

Entre os bancos a apoiar a operação estão o Goldman Sachs, JP Morgan, Allen& Company, UBS, Credit Suisse Securities, Deutsche Bank Securities e Wells Fargo Securities.